domingo, 22 de julho de 2007

O sorriso de Karenin


Do caos confuso dessa idéia, germina no espíríto de Tereza uma idéia blasfematória da qual ela não consegue se desvencilhar: o amor que a liga a Karenin é melhor que o amor entre ela e Tomas. Melhor, mas não maior(...) É um amor desinterassado: Tereza não pretende nada de Karenin. Nem mesmo amor ela exige. Nunca precisou fazer as perguntas que atormentam os casais humanos: será que ele me ama? será que gosta mais de mim do que eu dele? terá gostado de alguém mais do que de mim? Todas essas perguntas que interrogam o amor, o avaliam, o investigam, o examinam, será que não ameaçam destruí-lo no próprio embrião? Se somos incapazes de amar, tavlvez seja porque desejamos ser amados, quer dizer, queremos alguma coisa do outro (o amor), em vez de chegar a ele sem reinvindicações, desejando apenas sua simples presença.
Mais uma coisa: Tereza aceitou Karenin tal qual é, não procurou torná-lo sua imagem, aceitou de saída seu universo de cachorro, não desejou confiscar nada dele, não sente ciúmes de suas tendências secretas. Se o educou, não foi para mudá-lo (como um homem quer mudar sua mulher e uma mulher seu homem), mas para ensinar-lhe uma linguagem elementar que lhes facilitasse a convivência e compreensão.

Um comentário:

Brisas disse...

que lindo... de que livro é?

você tem bom gosto para livros! ^^